Carabina

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Maria Quitéria, heroína da Guerra da Independência na Bahia, retratada por Maria Grahan em 1824, com o uniforme de Caçadores e portando uma carabina Baker.

Esta é a primeira arma regulamentar realmente exótica do Exército. A idéia atrás do seu desenho era aumentar a precisão do tiro, raiando-se o cano. Como a carabina era de carregar pela boca, a bala tinha que ser forçada cano abaixo usando uma pequena marreta, para que ela se encaixasse nas raias e vedasse o cano. Além disso, era três vezes mais cara que uma espingarda normal e exigia um treinamento especial do atirador: ela tinha chances de acertar um alvo a distâncias inauditas para a época - até 300 metros, o que era impossível com a arma normal de infantaria. Isso era considerado tão anormal que esta foi a primeira arma em uso no Exército a dispor de uma alça de mira, ainda que simplificada (duas lâminas rebatíveis).

Outro efeito do desenho especial da carabina raiada era que a tropa não precisava se valer do fogo em massa de uma linha de atiradores para atingir alguns alvos, de forma que era possível o uso de formações dispersas e os soldados podiam procurar cobertura em árvores, cercas, etc, o que não era possível até então.

Curiosamente, todas essas características faziam com que o novo desenho não fosse apreciado pelos oficiais e desta forma ela não foi adotada por quase nenhum exército – a grande exceção sendo o exército inglês, que criou os Riflemen, tropa de treinamento especial e que usava a carabina Baker e um uniforme de cor verde, como uma forma primitiva de camuflagem (o uniforme normal dos ingleses era de cor vermelha, nada discreto).

Como o exército Português foi recriado após 1808, como uma cópia das forças britânicas e o Exército Brasileiro foi herdeiro das tradições e organização portuguesa, aqui  também se adotou a carabina raiada Baker durante a primeira metade do século XIX, até pelo menos 1850, apesar do alto custo da arma ter feito que seu uso declinasse muito durante a Regência (após 1830, ficou sendo de uso restrito de suboficiais e oficiais inferiores).

Um último detalhe que deve ser mencionado em relação a Baker era a sua baioneta. Como o soldado de Caçadores (infantaria ligeira) deveria ser mais móvel que o de infantaria pesada (fuzileiros ou granadeiros), julgou-se desnecessário equipá-lo com um terçado. Ao invés disso a baioneta foi adaptada  para ter uma lâmina cortante, servindo para as duas funções, de terçado e baioneta. Esta nova lâmina, devido ao fato das armas raiadas serem chamadas de rifles em inglês, foi denominada de refle no Brasil.

Carabina Baker

Dados técnicos:

Calibre:

15,42 mm

Comprimento:

c. 116 cm

Peso:

c. 4,1 kg

Alcance útil:

300 m

Cadência de fogo:

1 tiro por minuto