A primeira metade do século XIX não viu muitas mudanças do ponto de vista das armas em uso. Até a Independência, o uso dos equipamentos ingleses se acentuou cada vez mais, já que o exército português estava subsistindo quase como que como um lacaio dos interesses ingleses, pois a própria independência do País dependeu do apoio Britânico durante as guerras Napoleônicas. Naturalmente, com a Independência, essa situação não se alterou muito na nova Nação, pelo menos do ponto de vista militar: o equipamento e as armas ainda eram as mesmas, pelo menos de início, pois os imensos estoques de armas fabricadas para as guerras napoleônicas estavam disponíveis a preços baixos, numa situação ideal para um País pobre. Com a Regência essa situação de dependência começa a diminuir, pois a falta de recursos financeiros, a diminuição dos efetivos, os conflitos internos e a busca de um novo caminho para um exército não mais dependente das imposições de uma metrópole européia, levam a uma busca de novos modelos - agora baseados na França - e de novas armas, estas normalmente belgas, devido ao seu preço inferior, apesar da sua qualidade também ser inferior.
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Fecho de pistola de pederneira da Fábrica Barnett (Inglaterra), feito sob encomenda do Exército Imperial, Segundo Reinado. Coleção particular. |
Este processo de adaptação foi lento e cheio de percalços. As armas compradas continuaram a ser feitas artesanalmente e o Exército poucas vezes teve condições de fazer encomendas diretas no exterior, usualmente comprando lotes de armas que eram trazidas para o país por comerciantes privados, de diversas origens - armas novas e usadas, de origem alemã, francesa, inglesa, belga e até italiana. O resultado dessa prática é a ausência de um sistema padrão que permita identificar com certeza uma arma usada no Brasil, com exceção de umas poucas que foram encomendadas diretamente na Europa e que tem o Brasão de Pedro I ou Pedro II no fecho.